29 novembro 2010

Missões cumpridas

Desgrenhada, cabelo à base de xampu de hotel e humidade de beira de praia há dias, com todos os musculos do corpo em frangalhos, calça caindo porque usei meu cinto pra fazer um torniquete na perna de um cliente que se machucou num hidrante do estacionamento, camiseta desalinhada porque eu realmente não tinha tempo pra olhar pra isso, olheiras de 3 dias quase sem dormir, exaustão de tanto caminhar, muita, muita saudade da minha pequena que eu não via há pelo menos 10 horas e um sorriso meu, só meu. 

Foi assim que acabei a noite desse sábado, caminhando em direção ao banho merecido, tirando o fone do rádio, olhando pra trás e vendo o centro de convenções ainda iluminado, cheio de gente curtindo o encerramento do evento.

Há pouquissimas coisas no mundo tão gostosas quanto a sensação de dever cumprido. 
Fazia tempo que não sentia isso.

A marca mais visível que ficou em mim depois desse job foi ver que a Julia, apesar de sentir a minha falta, pois nos 4 dias de montagem e evento quase não a vi, estava feliz e bem cuidada. 

Confesso que nos horários das refeições e de pôr pra dormir, quando eu olhava pro relógio e via que não ia conseguir parar meia horinha pra ficar com ela, meu coração partia, ficava angustiada, mas lembrava que ela estava com a babá e a avó paparicando, cuidando de necessidade dela com todo carinho possível, me concentrava e seguia em frente.

No final do evento, decidi vir pra casa, não dormir no hotel. Eram 3h da manhã e eu teria que voltar pra desmontagem às 8h, mas valia à pena. Só queria dormir abraçada com ela, dizer que eu estava ali.

Cheguei exausta, deitei ao lado dela e avisei que tinha chegado.
Ela sorriu como se estivesse vendo o melhor presente do mundo, olhou pra mim, disse "Mamãe, amo" e voltou a dormir.

Foram as 4 horas de sono mais revigorantes da minha vida.

Percebi que minha missão de não deixar nunca a Maria achar que estou longe dela foi tão cumprida quanto a de fazer meu melhor em cada trabalho.

^^

Acho que depois dessa posso contar alguns tijolinhos a mais na contrução! ;D




Mãe besta, profissional realizada (again ;D).

=***

22 novembro 2010

Abrindo Portas com Amor

Meu pai me ensinou que ao dar um livro de presente a gente deve sempre escrever uma dedicatória. Registrar que aquele presente é um ato de carinho.

Cresci adorando isso. Pra mim um livro é um dos presentes mais carinhosos que existem. Por isso me esforço tanto pra escrever dedicatórias à altura do livro, do presenteado e do momento vivido.
E também por isso, receber um livro com uma dedicatória bem escrita me emociona tanto.

Muitíssimo obrigada à Anne, que há alguns dias me deu "Abrindo Portas com Amor - Caminhos na educação dos filhos e na prevenção de problemas futuros" do casal de psicologos Angela Cota Guimarães Mendonça e J. Augusto Mendonça.
Além do livro ser incrível, a dedicatória me emocionou como há muito não acontecia.
Muito, muito obrigada! =)


Fica a dica aos amigos (meus e de todos): Quando der um livro, pense com carinho e escreva algo bacana nele. Suas poucas palavras terão quase ou o mesmo valor de todo o conteúdo do presente. ;)



Agora indo realmente ao assunto de hoje: O livro e suas contribuições.

O 5° capítulo do livro é o "Criança é gente!" que fala de como as crianças 'sentem, percebem e entendem' tudo à sua volta.

De como nós, pais, agimos muitas vezes como se o assunto tratado fosse muito complexo pra criança entender, de como negamos fatos que acontecem diante deles simplesmente por não saber como explicá-los.

O clássico exemplo que se vê no livro é o "não aconteceu nada", "não está doendo", "nem machucou", que sai quase que automaticamente quando vemos um filho cair e se machucar sem gravidade. Quem somos nós pra dizer que não doeu? Doeu sim!

O papel dos pais é confortar, perguntar se ele está bem, tomar alguma atitude, olhar com calma, ouvir, nunca negar.

Como as crianças não conseguem ainda nos falar com clareza o que sentem, não conseguem reclamar, dizer o que pensam. Mas eles entendem sim.

Lendo isso relembrei um momento dos mais fortes que já vivi com a Maria Júlia.

Num momento cheio de frustrações, de medos, eu vivia agitada, triste, acuada. E um dia, ela me ouviu num enorme desabafo com a minha mãe.

Ela ficou quetinha, brincando por perto como se nada daquilo chegasse aos ouvidos dela. Quando eu percebi, já não a "via", falava alto, chorava, expunha em gestos e palavras todo meu sofrimento.

Parei quando senti ela correndo em minha direção, se jogando num abraço e dizendo "Mamãe, amo".

Senti no olhar dela que minha bebê ouvia cada palavra, que ela entendia meu sofrimento, e que, apesar dos seus 1 ano e 5 meses de vida, estava tentando me dizer que tudo ia ficar bem, que ela estava ali comigo.

A partir dali prestei mais atenção nisso. Nos olhares, nos gestos, nas palavras enroladas, tentativas de se comunicar.
Hoje não tenho dúvidas. Minha pequena entende tudo sim e pra entendê-la também basta parar pra ouvir, basta querer. E eu quero. ^^

Parem pra ouvir seus filhos.
Vale muito à pena. ^^

Mãe ainda em fase de alicerce.
Ísis Rocha

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