Luiza Maria de Azevedo Cavalcanti Santana
Moura. Sim, minha filha tem um nome deste tamanho. Não teve jeito. Eu e o pai
descartamos qualquer possibilidade de desprendimento dos nomes que herdamos das
nossas famílias. Mas, a pequena, hoje com seus nove anos, não entende e acha
que seu nome é grande demais. Aliás, um “elefântico nome”.
Vários são os questionamento. “Foi um
castigo, uma promessa? Você entende que o meu nome é o maior da sala? Você não
poderia escolher apenas um de cada? Como eu vou fazer para colocar o meu nome
todinho na folha da prova?”. Luiza é assim, inquieta, pergunta tudo, sente o
clima e não consegue guardar qualquer tipo de pensamento.
Muitas vezes, no auge da raiva, deixa
escapar que vai assinar apenas como Luiza. E ponto final. Porque se tem algo
que eu aceito é que o nome dela é Luiza e, felizmente, também tem que carregar a
bagagem da família toda, no seu nome. “Você já viu que o meu nome é maior que
eu? Você ainda fica rindo, mãe?”. Não tem jeito.
Certo dia, falei que quando ela casar,
ela poderá colocar o nome do futuro marido no dela. Mas, passei a informação
incompleta. Saindo em minha própria defesa, assunto casamento para uma criança,
não é tão cheio de detalhes assim, como uma discussão sobre o novo desenho no
cinema.
Mas, senti que Luiza se fechou para o
mundo dos amigos. Ela sempre gostou mais de brincar com os garotinhos, porque
correm, pulam e não ficam sentadinhos, arrumadinhos falando sozinhos com
bonequinhas que têm o cheiro de frutas. Não, bonecas nunca foi o forte de
Luiza. Ela gosta de movimento. E, meninos, lá em casa, não se falava mais.
“Luiza, e Caio? Está bem? Tem brincado
com ele?”. “Não”. Todas as minhas perguntas eram acompanhadas com respostas
monossilábicas e de imediato. A preocupação começou a despertar. Eu tinha que
saber o que estava acontecendo por trás das câmeras, e vi que atingiu o ápice
da preocupação quando ela me respondeu “Que os meninos fedem”.
Era o momento da conversa entre meninas.
Olhos nos olhos, sentadas, cada um exercendo o seu papel oficial. “O que está
acontecendo?”, comecei. A minha filha falou sobre tudo, menos sobre achar que
os meninos são sujeitos asquerosos, seres de outros planetas, um monte de pano
que não tem nada por dentro. Puxei o assunto. Fui direto ao ponto. “Alguém lhe
fez mal, lhe machucou?”. E o não de
imediato ameaçou terminar a conversa.
“Epa. Por que você não fala mais sobre os
meninos?”. Luiza encheu os olhos de água e o pulmão de ar e vomitou as palavras
em mim. “Vai que eu goste de alguém e vou ter que colocar o nome dele no meu
nomezão? Não, já sofro demais com o nome deste tamanho. É melhor que eles
fiquem por lá mesmo”.
Precisei me controlar. Teria dois bons
motivos para deixa-la sem assistir o desenho da noite. Mas, reconheço que a
culpa foi minha. Eu intriguei a minha filha com a informação incompleta. Fui
explicar. Fui esclarecer. Fui suavizar aquela angústia que acompanhava Luiza.
Tudo só iria acontecer se houvesse permissão. Inclusive, ela poderia, também,
diminuir o nome.
Ficamos acordadas. A serenidade pairou
novamente em nossa casa. Meninos não eram mais nenhuma ameaça. No fundo, acho
que ela ficou feliz quando falei em diminuir o nome. Quer dizer, eu tenho
certeza. Basta olhar em uma das provas assinadas por ela há pouco tempo: Luiza
Maria de etc.
por Elisa Azevedo
_________________________________________________________________________________
É com muito amor que apresento a primeira colunista do Mãe em Construção, a alagoana maravilhosa Elisa Azevedo!
Elisa é jornalista, super-mãe da Lulu e agora da Cecília que cresce feliz em sua barriguinha! #VemCecília!!!
A coluna Maternidade em Flor trará aventuras e desventuras dessa dupla (em breve trio) divertidíssima e genial! Bem-vindas, meninas!
Nenhum comentário:
Postar um comentário