Desde o ano passado (2013), essa é uma data expressiva demais para passar em branco na vida de qualquer brasileiro. Por isso a escolhi pra falar sobre nossa responsabilidade, enquanto pais, na formação do pensamento político/cidadão de nossas crianças. E como isso pode ser bem mais simples do que parece.
Para aqueles que ainda acham que política não é um problema seu, com a palavra, o Professor Mario Sergio Cortella:
O que vimos no último 17 de junho foi uma expressão una da insatisfação de um povo com seu sistema político pouco claro e com uma classe política corrupta (pilares que desencadeiam todos os problemas dos serviços públicos). E isso nada tem a ver com partido X ou Y. Tem a ver com uma história política cheia de atropelos, períodos e decisões infelizes.
Então não vou me ater à batalha eleitoral que se aproxima. Esse não é um texto sobre posicionamento político, ok?
Me refiro aqui ao microcosmo político: Aquele que começa dentro de casa.
Parece uma realidade distante apresentar o pensamento cidadão às crianças? Talvez exagero? Bem, vou lhes contar uma história:
Um certo dia cheguei em casa e vi meus pais em silêncio em frente à Tv. Naquele momento estava sendo votada alguma coisa bem importante, porque tinha um monte de gente aglomerada no que me parecia ser uma praça bem grande.
Perguntei aos meus pais o que estava acontecendo e soube que o homem responsável pelos nossos problemas financeiros podia ser expulso do seu lugar naquela hora. Curiosa, quis saber porque e ouvi que toda aquela gente tinha se juntado e pedido que os políticos o expulsassem, porque ele vinha fazendo um monte de coisas erradas.
Achei aquilo incrível! Quer dizer que se algo muito errado acontece e a gente se junta, dá pra mudar?! Quis ver se era verdade!
Parei e assisti animada voto a voto, botarem o Collor pra correr. Fiquei grudada na TV, vendo minha mãe se emocionar vez ou outra. Vi as expressões apreensivas dela se transformando em alívio e esperança em dias melhores.
Eu tinha 7 anos.
O meu pensamento político acabava de ser iniciado. E tudo o que foi preciso foi que me dissessem a verdade, respeitando minha capacidade de entendimento dos fatos àquela idade.
E foi só o começo: Acompanhei meus pais em comícios, fui às urnas com a família toda reunida, acompanhei contagem de votos pelo rádio, comemorei vitórias, amarguei derrotas.
A política foi inserida na minha infância de forma tão natural quanto o futebol de domingo.
Presenciar (e participar sempre que possível) discussões e ações que envolvessem o coletivo me trouxe uma consciência de cidadania e justiça que não existiria se eu fosse excluída dos processos políticos da minha família.
Em 17 de junho de 2013, vivi minha primeira experiência política do outro lado da história: Agora eu sou a mãe.
Acompanhamos os protestos pela Tv e pela internet durante todo o dia. Por volta das 19h, levei a Julia pra janela e, de longe, ouvimos coros e apitos.
Quando ouviu o barulho se aproximando, ela entendeu que não era só coisa da Tv. Estava ali, era real! E, claro, me perguntou o que era tudo aquilo.
#Aos4, minha pequena me levou por instantes a 1992:
"Olha que lindo, filha: Toda essa gente está junta pra mudar o Brasil!"
Sempre delicioso ler o que você escreve, é tão carinhoso, honesto e sincero que agrada o coração. Adorei o texto e concordo completamente. Bjão "olha que lindo, pessoal: Toda essa mãe esta ajudando na formação de um mundo que mudará o mundo" ;)
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