28 setembro 2011

"Eu tô trabalhando!!"

"Mamãe, quero pintar."

Pego a mesa rosa com sua cadeirinha e uma revista de colorir.
Sento ao seu lado e vou apontando seus lápis-de-cor enquanto ela mostra sua destreza com "táços" quase retos e "bolas" quase redondas. Uma delícia.

"Deixa eu ver, filha!"
"Não, não pode!"
"Porquê, Julia?"
"Eu tô trabalhando! Não mexa nos meus trabalhos!" 

Reconheci imediatamente o tom irritado que já usei quando tentava me concentrar em alguma coisa importante tão importante que já nem lembro o que era e ela insistia em participar.

A repreendi por falar naquele tom comigo, afinal não posso perder a autoridade.

Mas o que eu queria mesmo era abraçá-la e pedir desculpas por ter falado com ela daquele jeito.

Levei algumas horas pra me perdoar por ter perdido a paciência. Até porque já perdi a paciência mais de uma vez - afinal de contas, estamos no meio dos terrible two - e dei broncas nem sempre na proporção exata da travessura. Fico péssima depois, mas acontece mesmo.

Guentaí a cara de "anjinho"!

Repeti pra mim várias vezes que sou humana e que criança tira a gente do sério mesmo.

Acho que o segredo é demagogia de menos e educação de mais!

Apesar do coração apertado, adoro ter a oportunidade de errar e acertar, de ser mãe de verdade da minha princesa.

Tenho certeza de que um dia vamos rir juntas disso. ^^

25 setembro 2011

Mais uma da vida (de mãe)...

Diante, mais uma vez, de uma bifurcação de caminhos, sentei e pensei durante todo o fim de semana...

E a carreira?
E o acompanhamento da Julia ainda pequenina? 
Abdicar de que, porque e por quanto tempo? 
Quais as consequências disso?...

Essas perguntas já são suficientes pra pôr muita mãe (quase todas, acho eu) pra pensar.

Mas como na vida o buraco é sempre mais embaixo, eis que surgem outros aspectos a considerar:

E a minha mãe? Que é avó que trabalha o dia inteiro e várias noites por semana e merece ter seu "tempo livre" livre de verdade?

E a minha irmã? Que é tia que está começando a vida e não deveria precisar dispor de energia e tempo pra ajudar com a Julia?

Afinal, a filha é minha, certo?

E o que eu faço pra conseguir dar conta de tudo sozinha?

E se eu der, e eu? Será que eu dou conta de mim?

...

Há de lembrar que o pai da Ju não mora na mesma cidade que a gente, então não dá pra ter aquela força diária, por mais que ele quisesse.

Que eu não tenho grana pra ter opção de ficar sem atividade remunerada.

E que hoje, recomeçando profissionalmente do zero por ter mudado de cidade, não tenho grana pra pagar babá/empregada bacana, pra ficar tranquila (senão os problemas estariam resolvidos, certo?).

Pensarei. Muito.
Espero não pensar sozinha. (Todo pitaco é bem-vindo! ^^)
Mas, no fim, a responsabilidade, o desafio e as decisões são meus.

Acabei de chegar no momento mais solitário dessa trajetória maternal.
Mas é isso aí. Uma hora a nuvem dissipa e fica mais fácil enxergar o caminho. ;)

Bjss

17 setembro 2011

O Xixi, a mamãe e o amor

E no meio do cochilo da tarde, ela 'semi-acorda':
"Mamãe, quero fazer xixi"
"Então vamos no banheiro, filha."
"Me segure, mãe."

E eu pego minha 'bebezinha' de 82cm no colo.
Ela joga o peso do corpo em meus ombros e se esforça pra não deixar a luz do corredor atrapalhar seu sono.

Entro no banheiro, pego o troninho e tiro o pijama devagar pra não "acordar". 
Ponho-a sentadinha com a cabeça ainda apoiada nos meus ombros e os pezinhos em cima dos meus pra que ela não sinta o frio do chão.
Ela faz seu xixi e eu,  com todo cuidado, levanto, limpo, enxugo, visto e a carrego de volta pro canto quentinho do sofá onde ela dormia.

Ela vira pro lado e diz: "Ôbigáda, mamãe. Te amo muito."

E volta a dormir com os pezinhos entrelaçados na minha perna pra ter certeza de que não vou sair de perto.

Como se eu quisesse... #)

Olhando pra mim com cara de "mais foto, mãe?" pouco antes do tal cochilo! ;)

14 setembro 2011

Olhar de mãe


Observando a Julinha nas últimas semanas, uma coisa chamou minha atenção: Ela associa a cada pessoa uma (ou mais) características com muita clareza.
Uma linda sutileza captada pelo olhar da mãe boba que vos fala...
Percebi que todos que lhe dão carinho e amor são lembrados tenra e individualmente:

A "vovózinha" é a pessoa que passa o perfume depois do banho - mesmo que ela vá pra cama em seguida. É a que tira foto "juntinhas" no celular.

A "titi" é o carinho moleque, a cumplicidade das bailarinas. A que ensina a passar maquiagem.

O pai é aquele que brinca com ela, se joga no chão, dá comidinha pras bonecas. É quem dá cambalhota, corre até cansar e se joga na cama elástica. É o que ela enche de beijos e abraça bem apertado nem que seja pelo computador.

A "vó Máta" é quem vai dar o cachorro.

O "vovô Nei" é quem divide a tangerina.

O "vovô Val" é quem joga pra cima e nunca deixa cair.

A Dinda é quem brinca de desenhar.

O Dindo é o amor que a faz suspirar.

A prima Duda é o carinho atemporal, a identificação mais pura no olhar (mesmo que via skype =~) )

A bisa é a que deixa participar do jogo de buraco.

O biso é o que fala tão alto que a assusta.

Os tios-avós são os que babam, mas cada uma com sua particularidade.
São muitos (muitos, mesmo!!), então depois eu falo de cada um. ;)

Os tios postiços também são lembrados um a um:

"Tabiço", a paixão declarada.
Tio Gilmar, o limite cheio de carinho.
Tia "ímão" a que tem que estar sempre por perto.
Tio Babão é o "solzinho" e a bateria. "Tio Paêna" é a doçura.
Tia "Sáqui", sua amiga princesa, tio "Sazón" e o "Buzz".

Eu?... Eu sou a mãe, né? xD hahahaha
Brincadeira... eu nem sei explicar, na verdade.
Só sei que a cada momento desses meu coração pula e sabe que aquilo ali, só comigo.

E enquanto cada lembrança dessas passava pela minha cabeça, me veio a responsabilidade
atrelada à "marca" que deixamos nas crianças (e em todos...).
Precisamos pensar em cada atitude que tomamos, cada palavra que dizemos.
Elas podem ficar guardadinhas na memória do outro e marcá-lo com uma profunidade que nem desconfiamos.

Tão simples, tão básico e tão esquecido: Gentileza gera gentileza.

Esse sorriso é exclusivo das brincadeiras de boneca com o papai! ^^