26 março 2015

#EducAmando | Lição de casa: Nunca desista!

Agosto de 1993. As semanas anteriores haviam sido terríveis e eu, que até gostava de números, estava aterrorizada com a palavra "matemática".

Mas ele - que também não era muito bom - estava lá, do meu lado!

Todas as noites quando eu chegava da escola e ele do trabalho, tínhamos a missão de passar a tabuada até acertar.

Eu tive sérias dificuldades mesmo. Sabia que não sabia o suficiente, então quando a professora chamava, suava, ficava nervosa, queria sumir. Mas ele não me deixaria desistir.

E assim seguimos, tentando, acertando, falhando e tentando de novo.

Até que um dia... eu consegui! A "tia" perguntou tudo em ordem, de trás pra frente, salteado. E eu acertei tudo! Venci a bendita tabuada! Vencemos juntos!

Cheguei em casa e corri o quanto pude. Eu mal podia respirar! O vi e pulei no seu colo:
"Pai, eu acertei tudo! Eu consegui!"


Ok! Mas o que isso tem a ver com a maternidade?




Março de 2015. Tivemos essa semana uma leitura no dever de casa da Maria Ju. E eu percebi que haviam muitas palavras que a deixavam confusa.

Tentamos um pouco e ela foi cansando, perdendo a paciência e, principalmente, a fé em si. O olhar dela me dizia "mãe, me ajuda, eu não consigo!"

A essa altura eu já estava com todos os meus sentidos atentos, tentando descobrir a chave pra ajudá-la. Até que vi que ela precisava voltar um pouco pra conseguir decifrar aquelas palavras. Teríamos que voltar a estudar os encontros vocálicos - vistos ano passado, #aos5.

Olhei em seus olhos e disse: "Filha, claro que você consegue! Eu vou te ajudar!"
Você tem noção do quão poderoso é um gesto como esse? O quanto você acolhe e encoraja o seu filho ao mesmo tempo? Eu não tinha. Aprendi! ;)

Pegamos caderno, lápis coloridos e escrevemos e lemos "ais", "uis" e "ões" até que ela sorrisse aliviada. Tínhamos chegado onde eu queria.

Voltamos ao texto do livro da escola. Ela começou a ler ainda receosa, nervosa. Aquelas coisas da vida que a gente se prepara, mas nunca sabe se está mesmo pronto até começar.

"Eu sonhei que era um anjo."

Alguns segundos de tensão e... Ela leu! Leu sem pestanejar! Sorria largo, maravilhada!

Reconheceu os encontros que tínhamos aprendido às gargalhadas e me lançou o mesmo olhar de gratidão que eu lancei ao meu pai há 22 anos atrás.

Minha estudante mais linda! 

Esse foi um dos momentos mais intensos que vivi como mãe até hoje!

Agora, como filha-que-também-é-mãe ou mãe-que-aprende-enquanto-filha, percebo claramente que foram aquelas noites de tabuada que plantaram em mim a semente da auto confiança. A certeza de que, se eu me esforçar, eu consigo fazer tudo o que eu quiser! E que eu poderia contar com o meu pai sempre que precisasse.

Sabe o que é mais incrível? Ele não queria ser meu herói. Na verdade, ele me ensinou que posso ser a heroína da minha história, não importa a batalha. Eu não poderia ter ganho maior!

Reconhecer na minha história momentos decisivos para a pessoa que me tornei, para a mãe que eu sou, para a filha que eu tenho, é simplesmente maravilhoso!
Sigo agradecendo à vida por momentos como esse, de plena construção.

À vida, ao meu pai, à minha filha.

Gratidão sem fim.

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